9 de nov. de 2011

Nada edênico



Milhares de vezes fui o beijo iludido.
Milhares de vezes desiludi o amor...
Não fui judas,
fui amante da minha tez!

Comi a maçã do paraíso
e me despi posando nua pra lua
em tempestade!

Fui medusa, musa, oferenda de várias tendas,
e nenhum anjo cercou enfim!
Só a cara mal feita, o homem sujeito e,
Lúcifer sorrindo pra mim!

Já criei minha foice,
fingi ser a morte,
e não sobrevivi no Edem.

Já fui apontada,
amarrada,
humilhada,
das mãos que me sangraram pena...

Também já fui santa,
beatificada,
canonizada,
dentre os corpos de Sodoma e Gomorra.

Envenenaram minha alma,
vestiram-me Dalila, 
pintaram-me Eva,
e eu nem fui Madalena dos meus amores.

Sou apenas o baú dos ocultos;
Sou a voz que os assassinam;
Sou as palavras que transpassa
o amor.


Gastando minha sola da língua 
alheia, seguindo descalça
no chão da poesia.

Só assim me darei nome,
e enfim, me vestirei sozinha.



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