9 de nov. de 2011

Um final com reticências


Sim,
 ontem tomei café contigo,
 te vi sorri, fui teu peito afagado,
 fui teu amor arrebatado,
 fui amigo, fui bandido...

Sim,
 ontem deixei meus livros abertos,
 meu computador ligado,
 meu porta retrato virado,
 e uma xícara de café na mesinha do meu quarto...

Sim,
 ontem deixei minha camisa no banheiro,
 deixei seu batom pregado no espelho,
 e a toalha molhada jogada no sofá da sala...

Sim,
 eu sei que ontem deixei uns bilhetinhos na gaveta,
 que larguei a luz acesa,
 e várias mensagens na caixa postal...

Pensei... Sim,
 eu poderia ter dito que te amava,
 talvez tivesse tempo de te pedir desculpas,
 e secar teus olhos molhados no passado...

Poderia terminar o que não terminei;
 encarar o que nunca encarei;
 abraçar quem nunca abracei,
 e realizar sonhos que nunca realizei...

Ontem eu vivia contigo,
 ontem eu era vivo,
 e hoje sou só lembranças.
Antes eu era criança,
 jogava futebol, e pulava o muro do colégio.

Tive sonhos como qualquer outro,
 fui garoto, fui homem...
Agora sou fora do tempo,
 vivo num espaço intenso de estranhas percepções.


 Sim, ontem deixei a louça suja, não reguei as plantas
 murchas, e o quadro torto no corredor que tanto
 me era invisível permanecerá morto, caído, assim como
 eu que nem ao menos pude te dizer adeus.

Eu sei... Hoje seria o nosso dia,
íamos brincar nas águas quentes do litoral,
 íamos rolar na areia, e você minha sereia,
 seria pedida em casamento.

Eu sei... Íamos correr contra o vento, 
íamos andar junto ao tempo, talvez dois se tornasse ‘’um’’.
Mas como pode algo existir e o fim não fazer sentido?
É de deixar o coração partido.

Meu amigo...
Tenho que lhe dizer...
Ainda bem ser só poesia!



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