30 de jan. de 2012

Utopismo



O pastor levemente cansado
deita na grama onde
a felicidade reina.


E uma moça de chapéu,
desfila seu corpo cheio de flores
que a sombra  do jardim enfeita.


Na fonte, a imagem
da ponte onde há ninfas
quebrantando os corações com a lira.


E aquela pouca gente de túnicas
vermelhas a confundir com rosas
a despetalar...


Sonhei meu vago desejo
de 1850 em Arcádia,
e logo me lembrei da pintura de
Friedrich von Kaulbach.



28 de jan. de 2012

O café Terrace de Van Gogh


Já nem é 1888 e eu aqui,
pintando minha imagem
com um simples café
e um vestido de paete dourado.


Os sapatos arranhados sobre
a cadeira ao meu lado,
ocupa o lugar de um amado.


A solidão perpetua ali...
E minh'alma no amargo de um café
na esquina de uma praça. 


17 de jan. de 2012

La beauté de La Joconde



Tapete vermelho, fotografias, 
um tropel de falas e, 
a madeira de álamo expondo a pintura...


Olhos nus, hermética.
Não há concreto na tua história,
só o abstrato na memória...


Aviventam a incógnita do teu corpo-figura,
das cores extintas
do lugarejo em que se pendura.


O código ressaltado,
como quem pincela a minha face
no espelho... 


Entro em transe!


Vejo-me com um belo vestido
de Visconti-sforza 1489
E assemelho o senhor da portaria do
museu do Louvre, ''o barba branca''


Desfaleço do século XXI 
e descubro o segredo do teu
sorriso monalístico
imperceptível aos olhos que o mundo esguarda!





11 de jan. de 2012

Amanse, oh rosa fria...



A língua que escarnece,
moteja, maltrata,
tende a ter alma vaga.
E vaga!
Sê sábio, oh rosa perigosa,
e sangre a tua dor de não amar ninguém,
ao invés de sangrar o coração do bem!
Ai te arrancarão espinhos, e te darão beijinhos até sarar...