No passeio de ruas maquiadas
a fome despercebida
ronca em sombras de palácios
esfriando papelões
Burgueses
Franceses
pagando moças na avenida
e ainda é 1956
Descalços artistas,
pintores e equilibristas
lazeram água e pouca comida
Abastecem cascas na barriga
Sujeira no telhado
Lentes de aumento sentimental
faltando no mercado
Engraxates de sapatos
A dolência uiva as noites
de inverno
Damas de um lado desfilando rosas
e cavalheiros de terno
Incalculáveis valas profundas
candeeiros
catacumbas
mulheres imundas!
Vinga ali na lama os
ossos daquele velho
alimentando cães abandonados
Políticos disfarçados
Automóveis blindados
Imagine em 2034
este poema aqui será amassado
e os poetas serão presos embriagados de tristeza...