26 de jun. de 2012

Essência


Sou vacinada contra a estupidez...
Outros,
amantes da intolerância
tomaram a pílula da ignorância!
As pessoas estão
tão reprimidas
que a ternura incomoda
e amor já exala desconfiança
Essa é a injusta
essência
da  existência

Ei vida que só celebra a beleza,
aqui vai uma chamada de
transparência:
-Alô, sou eu, a velhice
a doença...


18 de jun. de 2012

Herdeira da flor


Eu sou filha do ventre
de lírios casados
descansados da minha voz

Sou do seio que palpita no campo,
saudosa flor que respira
Sou derramada do leite
alvacento que me inspira

Sou filha dos olhos
apagados de escamas defeituosas,
herdeira da cegueira
sinuosa

E desta flor, sou rabisco
perfeito
Escuto e vejo!

Sou filha da filha de índio
e esguardo gênios
engenhos de filhos
enternecidos

Sou da flor que me pariu,
lírios da estátua audição
São encantadores da arte
e proliferadores da minha perfeição










''Poema dedicado aos meus pais''

14 de jun. de 2012

Notas nuas


Tem uma voz que me grita
faz trilha, me tira do sonoro
sono derramado

É orquestra em
sete sóis que alguém
toca

Tem uma voz que grita,
arranca minha roupa,
deixa-me louca
A voz não é rouca!

Lá está a voz assassina
do meu pudor
Em cena o piano me acena,
não há ninguém no palco

Atiro meu corpo
como quem veio do pó
e entrego meu suor aos
ossos de madeira pintada

E satisfeita vou desfilar
meus cabelos e esfumaçar
meu cheiro, chérie
Dançar girassóis por ai



9 de jun. de 2012

Rosa secular



Meu papel guardado,
amante da poeira.
Vazio como minha
garganta seca.

É o seco secular
já morta de vida,
sem cor, sem tinta maculada.

Ela é filha da despetalada,
roubada no jardim
de Berlim.

Não é rosa malvada,
é lembrança guardada.
Antes bela, hoje apagada.

És herdeira perfumada,
carimbo do teu coração.
Guardei a pétala ferida de saudades
dolente e sofrida...





Apocalipse


Sim, eu vi sete caminhos
abandonados
de rios e lagos e um remo
a boiar sozinho

E os meus olhos vendo de perto
sombras de um deserto
Pássaros feridos, esperançosos
deleitando a céu aberto

De repente a penumbra
de longe repartia o clarão,
e das areias molhadas surgia
uma mulher que abraçava o moço d´água

Era a imperatriz comprometida
a virar lama sem saída
Dama marcada,
destruída!

Sim, eu vi quatro cavalos de guerra
a descer das nuvens
e um dos cavaleiros segurava um
rolo com sete selos

Os galopes relinchavam
trovoadas rasgando
a névoa da alvorada
e nenhum receio eu sentia

Eu vi do outro lado
da ponte Miguel
a derrubar Babilônia,
a grande!

Esguardei tudo de perto
em um casulo onde
não fugimos da linhagem velha
de uma pele a sete palmos da terra.

Sim, a profecia estava
a se cumprir
sobretarde, sorrateiro

Eu sorri
Não tive medo...
Sabia que estava pra chegar
uma era de paz e sossego!