23 de abr. de 2012

Apenas você


Sirva-me um chá
e deixa eu lhe contar com os pés
descalços, encolhida em seus braços,
os embaraços que a vida me deu...

Quanto nada invadia
meu dia, me acompanhava,
dava-me a mão
e me seguia.

Eu era esse nada que guiava
e  o nada me escolhia.
Dançava valsa com os beijos
cegos de desejo e desfalecia.

Engenho meu e a solidão eu escupia.
Os amores cumprimentavam
meus vestidos e as flores a eles
caiam onde eu passava.

Quem sabe eu era um nada
porque nada de mim eu dava...
Rabiscava os nomes
e nem saudades sentia.

Sirva-me um chá
e deixe eu lhe contar
toda dor que não doía
porque ninguém eu gostava.

E dance comigo
enquanto o chá esfria.
Meu tudo, me guia...




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