18 de fev. de 2012

A lama na lama



Um copo um prato um garfo...
Na porta da sala apenas um sapato velho,
um lençol, um cobertor e uma almofada.
E na beira da estrada um caminhoneiro.

No espelho uma rachadura.
No porta-retrato com alguém ao lado,
uma teia.

E aquele gato com Correntinha no pescoço,
comendo aquele almoço de dois dias.

Ao lado da mesa um barril.
No calendário da parede,
há dois meses naquele mês de Abril.
Lá fora um frio...

E aquele moço sem sentimento
chegando sempre às três.
Ele entra de surpresa,
fala com sua Duquesa
que toma banho sempre em cima da mesa.

Vai aprontar comida,
enche sua barriga,
e cochila na sua única poltrona sem poeira.

Um copo, um prato, um garfo...
No meio da ladeira vem vindo sem controle,
um homem sem cegueira.

Um ronco na salinha,
um relógio sem bateria,
um estrondo a luz do dia.
E aquele moço,
sem dinheiro e sem pescoço,
foi parar na cozinha.

Um copo, um prato, um garfo...
Continuará ali,
junto aos estilhaços que antes não tinha.



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